A Odisseia 

             A viagem de uma vida... a solidão, a companhia, o desespero, a amizade, 

            o amor, as desventuras... a partilha de um estado de espírito. É, sem dúvida, uma Odisseia.

 

terça-feira, março 06, 2007

Corrente dourada

Olho para o teu rosto...
E é a face que procurava entre toda a multidão.
Olho para os teus olhos e vejo o amor que queria
E com que retribuo, de olhar apaixonado.
Sou teu e és minha, sem nenhum arrependimento.
Atámos os sentimentos, teus e meus, com dois elos de uma corrente dourada
Que nada alterou na ligação que era nossa.
Sem medos, enfrentamos o futuro, ligados por um amor sem barreiras.

segunda-feira, dezembro 04, 2006

É...

É tão bom perder-me em tudo o que me dás...
É tão bom sonhar sem ter de ter medo dos pesadelos...
É tão bom saber que és para mim os dias e as noites,
O sol e as estrelas... a calmaria e a tempestade.

É tão bom sonhar contigo e ver-te ao meu lado quando acordo
Seres, para mim, o que necessito
E seres tu, sem precisares de seres diferente.

segunda-feira, setembro 04, 2006

As razões das convenções sociais

Embora grande parte das convenções sociais exijam algum grau de sacrifício da vontade individual, elas existem por um motivo relevante.
Quebrar essas convenções sociais pode ser uma das principais formas de obter satisfação própria. Contudo, como em tudo na vida, há que ser parcimonioso, para colher, no futuro, os rendimentos dessa actuação ponderada. Isto quer dizer que, embora algumas convenções sociais possam e devam, arriscar-me-ia a dizer, ser quebradas, quebrar todas as que rodeiam uma determinada instituição pode ser demasiado impetuoso. Em todas as instituições sociais com carácter duradouro o tempo é o melhor conselheiro e, com o tempo, vem a sabedoria do conhecimento se toda a experiência for votada à compreensão do momento e das sensações e sentimentos a elas associados. Visto a minha veste de conservador... por tudo o que já quebrei será suficiente para obter a felicidade que procuro, dar e receber, se o tempo for o meu conselheiro unânime nesta afirmação.

quarta-feira, agosto 30, 2006

Dulcineia

Dulcineia, senhora do meu coração errante...
Procurei-te em cada vela branca ao vento que me cegava na investida...
E encontrei-te no caminho, sem saber quem eras, sem olhar para o destino.

Dulcineia, senhora do meu coração peregrino...
Altar onde, de joelhos feridos, invoco o amor eterno que me iludiu até hoje...
E que não me ilude mais.

Dulcineia, senhora das minhas paixões profundas...
Companheira de aventuras e de sofrimentos, vividos e por viver...
Companheira de desafios imediatos e longínquos.

Dulcineia... amor que se transforma... dia a dia.
Que cresce e se alimenta da comunhão intensa
E que não quer acabar nunca.

terça-feira, agosto 22, 2006

Sem medos

Olhar a vida de frente e pensar no futuro,
Um futuro que acontece a cada momento vivido intensamente...
Esse futuro feito de presentes...
Que num segundo se transformam numa vida inteira...
Que se abre à descoberta de paixões novas, sem medos...

segunda-feira, agosto 07, 2006

365 dias

365 cartas de amor... 365 dias de solidão.
Coração que se martiriza, vazio...
Amor que endoidece, que entristece e que magoa.

Chama perdida, sem fogo, sem nada...
Esquecimento, sem memória, sem sonhos...
Casa partilhada, envolvida no mundo, mundo em que se habita
Sem saber se tudo foi ou é uma ilusão.

Carinho depositado em bancos de amargura,
Sem juros de amor eterno,
Sem chaves gémeas de acesso,
Sem nada... sem nada... sem nada.

365 gotas de chuva amarga que caem, maduras, dos meus olhos senis... e cegos.
Cataratas de água imensa que se despejam em torrentes.
Vida que se esvai devagarinho...
365 partes de mim mesmo que te dou de mão beijada.

Desejos que me envolvem em seda pura... demasiado brilhante para os teus olhos.
Desejos que nos aproximam nos meus sonhos, embora estejamos distantes.
Amor que me arrancou o coração e que mo arranca ainda, dia a dia, 365 vezes por translação.

quarta-feira, abril 05, 2006

A Responsabilização

Este post é diferente da maioria que aqui coloco.
Apetece-me, hoje, arrazoar sobre a responsabilização dos agentes públicos. Sobre a responsabilização de todos eles, mas, em especial, dos que ocupam cargos de chefia na administração pública, ou cargos independentes no judicial (sim, estou a falar dos magistrados judiciais e do Ministério Público). Em qualquer dos casos apresentados, é minha convicção que os instrumentos de responsabilização existentes (avaliação para progressão na carreira e, eventuais, processos disciplinares) não são utilizados de modo efectivo. Uma das grandes razões dessa inefectividade prende-se com facto de não existir uma gestão minimamente "profissional" nem dos serviços públicos nem dos tribunais ou procuradorias. Sem negligenciar honrosas excepções (as quais o nosso sistema fiscal vem integrando cada vez mais acentuadamente) a gestão destes serviços é amadora (porque feita por pessoas sem a formação adequada) e ineficaz (porque não são definidos objectivos e não são avaliadas as práticas dos serviços em função desses objectivos).
Dir-me-ão, cada caso é um caso. Sim, de facto. Mas se alguém com o mínimo de formação em ciência administrativa (modelo gestionário), fosse aplicar alguns dos conceitos que integram esta ciência (ramo do saber) à nossa prática de serviço público, em especial dos tribunais, diria que a responsabilização dos agentes é um dos primeiros passos a dar.
Não se exaltem já... o primeiro seria, inequivocamente, a sensibilização de todos os agentes para a necessidade da definição de objectivos e da aplicação de práticas de avaliação de desempenho quer quantitativas, quer qualitativas.
Poderão perguntar: porquê?
De que me serve um serviço público se este não se preocupa em satisfazer, no que deve satisfazer, o cidadão que o procura? Esta é a primeira ideia que deve ser disseminada: os serviços públicos existem para servir. Os tribunais são órgãos de soberania, correcto, mas muito do que fazem é servir ao cidadão a tão necessitada justiça...
E, para haver justiça, não tem de se produzir uma decisão em tempo adequado?
Não é necessário transmiti-la de modo a que o destinatário a compreenda?
Não se tem de conscencializar o utente para os seus direitos e para a necessidade de cumprimento do direito, em especial, no que se refere ao respeito pelos direitos dos outros?
Como se faz iso hoje?
Nem vou falar do tempo das decisões... ainda não vale a pena.
Mas as sentenças nem pelos advogados são entendíveis, por vezes.
As audiências são efectudas de mau humor e de uma forma hostil para quem está a cumprir um dever cívico. As penas ou sanções (civis e penais) não reflectem o sentido de censurabilidade da conduta.

Temos muito que aprender com a gestão pois é ela que nos alerta para a necessidade de respeitar estes princípios (básicos) de cada serviço público. E, só pela formação, e, depois, pela responsabilização dos agentes desses serviços, em especial, dos que têm poder de direcção, podemos, verdadeiramente, pensar em ter serviços públicos (incluíndo tribunais) de qualidade, onde o cidadão sente que é feita justiça.

segunda-feira, abril 03, 2006

Rituais subjectivos

O ser humano é um animal de hábitos. A nossa rotina quotidiana está toda construída à volta de pequenos rituais que se tornam verdadeiros costumes. Proponho um exercício: pensem nas vossas actividades durante a semana que terminou ontem. Existem muitas actividades que repetiram diariamente, seguindo um ritual que vos permite enfrentar mais "preparados" o dia ou a tarefa. Se, contudo, dão mais importância ao ritual que à tarefa que têm que realizar, então, cuidado. Não se esqueçam que a rotina pode destruir muito do que consideramos importante. Não deixem que os rituais vos impeçam de viver a vida. Quebrar as regras, de vez em quando, especialmente as impostas por nós próprios para tornar a nossa vida mais confortável, pode ser o primeiro passo para garantir a existência de uma vida que seja agradável viver.
Mas já chega de rituais. Pensem em gatos... sempre é um assunto mais agradável.

quinta-feira, março 30, 2006

Estranha leveza do ser...

Estranha esta imaculada sensação...
Sinto-me leve, indiferente.
Sinto-me sozinho com a minha solidão.
Estranha esta estranheza... Nunca estranhei antes o facto de estar sozinho...
Mas talvez já seja tempo... de estranhar.
Talvez não queira a companhia comum dos que só procuram sensações vulgares...
Talvez não queira a simples mediania de um amor, amado apenas por uma das partes e tolerado pela outra.
Estranho... Estranho estar sozinho com a minha solidão. Mas ainda bem que me sinto indiferente aos dizeres dos outros...
Talvez eles estranhem o facto de não lhes dar atenção. Ou talvez não seja assim tão estranho.

segunda-feira, março 27, 2006

Olhos distantes

Olhos distantes e perdidos...
Olhos que me olham verdadeiramente.
Olhos que, vencidos, se prostram perante a solidão.

Olhos sofridos, carentes ...
Olhos que me pedem ansiosamente
Pela graça da salvação...

Olhos inundados de lágrimas inocentes...
Olhos taciturnos, mas belos.
Olhos que sem rodeios, me prendem à razão.

Olhos que vivem, que anseiam.
Olhos que amam, que odeiam.
Olhos que respiram, que suspiram, que cativam...
Olhos tristes que pedem um olhar de perdão.

sábado, março 25, 2006

Moinhos de vento

Passeio pelo campo em busca de uma aventura.
Montado no meu Rocinante. Acompanhado fielmente pela solidão.
Vejo moinhos de vento, ao fundo, na planície. Encho o meu peito de coragem e avanço contra os gigantes, não a passo, como os corajosos, mas numa corrida desenfreada, como um louco.
Penso uma última vez na minha nobre Dulcineia, triste e sozinha na imensidão do mundo.
Vejo na alvura imaculada da vela que me rasga a carne, como o braço de um gigante indomável, o reflexo desta loucura. Vejo o ideal distante que procuro, escapar-me pelos dedos.
Mas nem no ultimo momento, quando encontro o pior dos inimigos, a minha esperança se esmoreçe. Sou D. Quixote de la Mancha. O louco que mostra ao mundo a loucura que existe em todos nós. O louco que vive de esperança. O louco que vive de amor. O louco que não desiste por um momento daquilo em que acredita. Se todos fossem assim tão loucos, que mundo, meu Deus, seria este, quando vencidos os moinhos de vento.

quarta-feira, março 22, 2006

Olha para o lado...

Olha para o lado e vê-me com outros olhos.
Sou teu. Mas tu nem pensas em querer-me.
Vejo-te consumida pela dor de um amor antigo,
Que te abandonou sem remorsos, em nome de uma vã liberdade.
Olha para o lado e sente, no meu ombro amigo, a ternura de um sentimento mais profundo.
Olha para o lado. Não estejas sempre a olhar para o futuro.
Ninguém, nele, te compreenderá como eu te compreendo agora.
Olha para o lado e vê-me com outros olhos...
Aqueles que vejo agora perdidos em lágrimas que eu prometo enxugar.

segunda-feira, março 20, 2006

Fénix renascida

Flamingo escarlate que voas para o horizonte e para o sol que te destrói.
Fénix renascida, ano após ano, que encerras a metáfora do meu amor.
Fénix que se debate contra a calcificação das palavras,
Fénix que canta, na madrugada, a liberdade dos sentimentos.
Ano após ano. Fénix renascida. Ano após ano. Prisioneira do amor.
Amor renascido das cinzas do antigo. Amor que não muda.
Escarlate como o flamingo renascido voando para o horizonte de mais um ano perdido. Vivendo para morrer de novo. Eterno.
Amor que incendeia, mas que nunca preenche o coração.

quarta-feira, março 15, 2006

Anjo na madrugada

Acordei com uma sensação estranha.
A minha cama estava mais quente do que o costume.
Olhei para o lado e vi um anjo deitado. A sua face serena... o seu corpo calmo.
Sorri. Lembrei-me da doçura dos momentos passados numa entrega total.
Nesse momento perdi o medo de a beijar. Toquei nos seus lábios e eles retribuíram.
Queria ficar assim o dia todo. Mas... ela levantou-se. Pediu desculpa...
Já estava atrasada.
Eu pensei: Já somos adultos... é um facto. Mas será que não podíamos fazer de conta que a vida é mais cor-de-rosa?
Talvez não. É preciso acordar e saber que o anjo da madrugada é já uma menina crescida. Independente, como eu. Carente, como eu. Mas, também, como eu, uma filha destes tempos. Ficará o carinho e a magia para mais tarde... quando o tempo o permita.

quinta-feira, dezembro 22, 2005

Asas ao vento....

Estendo as minhas asas e deixo o vento enchê-las de ilusão.
Caminho pelo azul infinito, parando nesta ou naquela núvem.
Descanso um pouco. Olho para o mundo. Tão distante...
Estendo as minhas asas... mas perdi o desejo de voar para o infinito.
E o vento recusa-se a levar-me para onde não quero ir.
Volto para os teus braços e perco-me neles.
É para ti que o vento me conduz... sempre que estendo as minhas asas...
Como da primeira vez... é de ilusão que ele as enche.
Como da primeira vez... caminho pelo azul infinito.
Como da primeira vez... o mundo fica lá fora... distante. O teu colo, uma núvem onde repouso...
Onde me deito e me satisfaço com ilusões de liberdade que me prendem mais e mais...

Image hosted by Photobucket.com